segunda-feira, 4 de julho de 2011

Ode à cidade que me cuspiu

Terra maldita vermelho sangue
De ladeiras construídas com pedras de julgar
E janelas cheias de olhos
Suas austeras paredes de pedra sabão
Não desinfectam sua gente, não as deixam transpor essa vivência quase morta
De quem existe assim, meio comensal, meio parasita
Nas reentrancias das suas falhas
Exalando preconceitos pelos poros

Cidade que, com frieza soturna, vomitou uma criança sem dar-lhe a luz
E depois tentou afogá-la com palmos de escarlates
Cachoeiras de água benta, hóstias e lúgrubes sermões

*

Mas a criança, como vampira, sugou a moral e desfilou escândalos em frente à matriz
O morro desceu parodiando o sétimo cântico da paróquia
E riu-se, louca de pedra [sabão] e de prazer



Anna Rafaella, nascida em uma cidade do quadrilátero ferrírero.