quinta-feira, 8 de abril de 2010

Outro desvio crônico

O vento precisava prender-se ao lírio, contudo corria o risco de tornar-se uma tempestade e arrancá-lo da proteção de sua terra, destruindo-o por completo.

Mas o que na natureza não precisa ser destruído para que possa renascer? Talvez eles fizessem parte da natureza, e porventura precisassem mesmo se renovar. Sonhos, esperanças, qualquer resquício de ilusão que pudesse mantê-los ali, intactos, por mais algumas horas.

Naquela época, ela ainda não sabia que seu destino era um penhasco tão alto que, de lá, o chão não era possível de se ver. Era um erro ambulante, gerada e nascida de sombras muito perturbadoras e densas. Tendia ao erro, por mais que algo muito forte – ali, à sua frente, nos olhos dele – gritasse, implorasse para que ela acordasse do sonho escuro em que havia mergulhado. Existiam muitas formas de estragar tudo, era subumano encontrar alguma que consertasse. Como tentar remendar as peças que o passado, tão próximo, já havia colado errado?

Só queria que não existisse um mundo além daquele quadro em que estavam inseridos naquele instante, pois ele era um caminho que exigia grandes renúncias, as quais ela não seria capaz de suportar. A vida poderia acabar agora e tudo estaria bem, porque ele estava ali, segurando a sua mão.

Mas o mistério é que a vida nunca acaba.