segunda-feira, 25 de janeiro de 2010

Regret

Hier encore, j’avais vingt ans
Je gaspillais le temps en croyant l’arrêter
Ela sempre pensou que acolheria a velhice sem muito pestanejar. Abraçaria sua nova companheira inerente com todo o seu corpo antigo, moldando-se a ela, e obrigando-a a moldar-se também. Havia algo de bonito nisso, entrega e renúncia ao mesmo tempo.
No entanto, naquele inverno, sua nova irmã chegou com outras fantasias costuradas nos braços, e ela, Johanna, se enciumou.

E a mulher que sempre fora uma menina velha, transformava-se agora, pouco a pouco, em uma velha com desejos de menina.

As tardes de sol que as cortinas acinzentadas em seus olhos nunca a deixaram ver; os namorados que seu orgulho ressentido sempre fizera questão de repelir em forma de indiferença desgastante. Os amigos que ela afastou por sempre reclamar demais. Perdeu os amigos porque levantar-se do sofá para procurá-los era uma atitude trabalhosa demais. As vozes divinas que ela não escutou porque estava desesperada demais procurando por Deus, sem perceber que Ele gritava em vagas de vento fresco em dias quentes. Ele a tocava através dos pêlos macios de seus animais ou da chuva fina que molhava seu rosto. Deus era a água! Dançava para ela sob a forma de uma folha flutuando ao vento.

E ela sempre se escondia da chuva. Ela sempre fechava os olhos quando ventava. Ela varria as folhas de seu quintal, se perguntando por que Deus havia se esquecido dela. E quanto mais ela pedia, mais Ele mostrava. Quantas oportunidades afogadas na morna lama parada da desesperança e da inércia. Enquanto tentava blindar-se do mundo agressivo, a vida desgastou Johanna de uma forma tão brutal como nada do que ela se protegeu poderia ter feito. Fugindo da brutalidade, ela se escondeu numa casca impenetrável de frieza.

E o gelo queimou seu coração, porque o delicado essencial esteve lá o tempo todo, mas ela nunca quis ver.

Já vai amanhecer, Jo
A destruição é necessária
É o presságio da evolução